Usar máscara sem ter sintoma pode aumentar risco de contágio
Esse material pode ser contaminado com as próprias mãos, afirmam especialistas; principal medida de prevenção é manter a higiene. Máscara só deve ser usada por doentes e profissionais da saúde.
Diante da disseminação do novo coronavírus no Brasil, tornou-se comum ver pessoas andando pelas ruas de máscara, na tentativa de se prevenir. Alguns, também, apelam para as luvas. Porém, especialistas afirmam que isso não é necessário para quem não tem sintomas e pode aumentar o risco de contaminação.
Além disso, a máscara só deve ser usada por quem está doente e por profissionais da área de saúde.
O infectologista Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, recorda uma situação que vivenciou, esta semana, e é exemplo do que não se deve fazer.
O médico recebeu um paciente em estado grave por conta do novo coronavírus. A esposa deste paciente estava usando máscara e luvas. "Ela tocou com a luva em várias superfícies, pegou o telefone, a bolsa, ou seja, ela apenas protegeu a mão dela de não pegar o vírus", conta.
De acordo com ele, se qualquer um desses objetos estivesse contaminado com o vírus, a mulher poderia se infectar ao tocá-los e depois colocar suas mãos nos olhos, nariz ou boca, pois a luva também estaria contaminada. "Aí, pedi para ela tirar a luva e lavar a mão", acrescenta.
João Prats, Infectologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, concorda. "Ficar com a máscara o dia inteiro é perigoso porque você pode contaminar a máscara com as mãos", pondera.
Usar luvas, segundo ele, é uma atitude ainda mais arriscada. "É pior ainda porque a pessoa vai contaminar a luva. Dá uma falsa sensação de segurança. Além disso, braços e punhos não estão protegidos", destaca.
O especialista também alerta para o uso de máscaras reutilizáveis. "Eu tenho visto esse material em lojas e na internet, mas é um perigo. Quem precisa, deve usar e descartar", aconselha.
"Se a máscara estiver úmida ou for higienizada, pode tirar o efeito protetor. Mesmo com álcool gel, não dá para controlar a qualidade de como está sendo higienizada", analisa.
O infectologista explica que, quando usada pelos cidadãos, a máscara é considerada lixo comum. "No hospital tem o lixo infectante, ele é branco e carrega um saquinho diferente", esclarece.
Conforme resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanítária), máscaras descartáveis e luvas que não tiveram contato com sangue e secreções se enquadram no grupo D de resíduos hospitalares.
Isso significa que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Por isso, "podem ser encaminhados para reciclagem, recuperação, reutilização, compostagem, aproveitamento energético ou logística reversa".
Fique em casa
Suleiman ressalta que quem está com sintomas de doenças respiratórias deve fazer isolamento social. "Se está tossindo, fique em casa", aconselha.
"No mercado, tem um monte de gente de máscara, enquanto fazem compras levantam a mácara [...] Não é para usar. Apenas se usa em ambiente hospitalar. O essencial [para a prevenção] é lavar a mão", conclui.
Do R7