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Malária volta a crescer na região Amazônica, e Pará tem 11 mil casos

Principais causas são diagnóstico e tratamento tardios e descontinuidade das ações de campo de combate à doença; OMS fez alerta ao Brasil em 2017

Jornalista Fernando Nascimentho | Postado em:

Malária volta a crescer na região Amazônica, e Pará tem 11 mil casos
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De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 193 mil casos de malária no ano passado. Isso representa uma redução de 57% nos últimos 10 anos, já que em 2007 eram 458 mil casos. No entanto, nos últimos três anos, a curva voltou a subir em alguns estados.

O Pará é o estado que registra o maior aumento no número de diagnósticos. Nos últimos anos, o número de casos mais que dobrou. Em 2016 eram 14 mil casos. No ano passado, o número saltou para 37 mil casos confirmados. Neste ano, já foram contabilizados 11.309 diagnósticos de malária, segundo a secretaria estadual de saúde.

Outro estado que enfrenta este aumento é o Acre. Neste ano, em quatro meses, foram confirmados 9.500 casos de malária. O número já é maior do que em todo o ano passado, quando foram registrados 7.722 casos.

De acordo com o diretor de Vigilância em Saúde do Acre, Moisés Viana, parar este aumento, é o grande desafio do estado.

“O crescimento aconteceu em muitos países e em toda a região norte do Brasil. Aqui no Acre, o aumento de casos de 2016 para 2017 foi de 30%. Já de 2017 para 2018 esse aumento foi de 5%. Isso mostra que nós conseguimos diminuir o crescimento. A meta agora é uma redução de 20%”, explica Viana.

Para alcançar esse resultado, o estado investe em planos emergenciais que incluem a contratação e no treinamento de agentes de endemias e no fortalecimento da rede de diagnósticos. Além disso, foi criada uma equipe de saúde para dar suporte específico à região do Juruá, que concentra mais de 90% dos casos.

Essa tendência de aumento é mundial. De acordo com o Relatório Mundial sobre Malária 2017 (World Malaria Report 2017), da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016, houve cinco milhões de casos a mais de malária do que em 2015.

A OMS atribui esse aumento à falta de investimentos em ações de controle e no tratamento da doença. Como a malária é transmitida pela fêmea do mosquito Anopheles que se contamina ao picar uma pessoa contaminada, controlar a doença significa controlar o mosquito e tratar os doentes o mais rápido possível.

Leia também: Baixa adesão prorroga vacinação contra o sarampo em Roraima

Casos importados da Venezuela

O estado de Roraima também enfrenta o aumento de casos, mas lá existe um outro fator. A chegada de imigrantes trouxe problemas como o sarampo e a malária.

Em 2016 foram 8.969 notificações de malária. No ano passado, o número pulou para 14 mil. Do início deste ano até o dia 30 de março, já foram confirmados 5.750 casos. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, destes, mais de 2 mil são importados da Venezuela.

"Em um primeiro momento, a migração intensa de venezuelanos pela fronteira contribuiu para a mudança do perfil epidemiologógico da doença no estado, mas hoje temos casos autôctones. As principais causas do aumento do número de casos são o diagnóstico e o tratamento tardios e a descontinuidade das ações de campo de combate à doença", afirma Luciana Grisotto, diretora do Departamento de Vigilância Epidemiológica.

Redução de casos no Amapá

 

O Amapá conseguiu nadar contra a corrente, apesar da proximidade com os locais de garimpo clandestino da Guiana Francesa.

Muitos brasileiros, na corrida pelo ouro, vão para o país vizinho, acabam sendo infectados pela malária e buscam tratamento no estado, de acordo com o diretor executivo de Vigilância em Saúde do Estado, Emanuel Bentes.

O número de casos registrados no Amapá caiu 9% do ano passado em relação a este ano. Entre janeiro e abril de 2017 foram registrados 2.935 casos no estado. No mesmo período deste ano, foram 2.683 casos.

Bentes explica que, isso foi possível, pelo mesmo motivo que o Acre conseguiu diminuir o crescimento: a intensificação de ações de controle.

“Nós intensificamos o controle químico vetorial, ou seja, a borrifação de inseticida nas casas, principalmente daquelas famílias que vivem em área de floresta, nas margens dos rios, que estão mais expostas ao mosquito transmissor. Também fortalecemos o sistema de diagnóstico e vigilância que faz o monitoramento de casos suspeitos”, afirma.

Doença é transmitida por mosquito

Malária volta a crescer na região Amazônica, e Pará tem 11 mil casos

De acordo com o Ministério da Saúde, a malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. A cura é possível se a doença for tratada em tempo oportuno e de forma adequada. Contudo, a malária pode evoluir para forma grave e para a morte.

Os sintomas são febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica. Muitas pessoas, antes de apresentarem estas manifestações mais características, sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.

A malária não é uma doença contagiosa. Ou seja, uma pessoa doente não é capaz de transmitir a doença diretamente a outra pessoa. É necessário o vetor, no caso, o mosquito, para realizar a transmissão.

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