Lideranças indígenas cobram melhorias nos serviços de saúde em povoado do MA
Interdição em trecho da BR-226 foi suspensa no último sábado (9).
Uma intervenção parlamentar, realizada por deputados federais da bancada maranhense, ajudou a pôr fim, na noite do último sábado (9), ao protesto de povos indígenas, que interditaram um trecho da BR-226, entre os municípios de Barra do Corda e Grajaú. A ação dos povos originários questiona a situação de precariedade dos serviços de saúde pública oferecidos nas aldeias.
A ausência de medicamentos, durante a realização de procedimentos médicos; a falta de suporte técnico, por meio de equipamentos hospitalares, e a presença de remédios fora da validade, em postos de saúde, são algumas das queixas da população indígena, no povoado Cana Brava. Em meio a crise, a falta de combustível nos carros, para transporte de pacientes, tem feito dos caminhões uma alternativa para o deslocamento de índios com enfermidades.
Uma das moradoras da região, Glória Guajajara, lamenta a falta de assistência para a população local, que segundo ela, chega a ser estigmatizada e vítima de preconceitos.
“Nós temos o direito de ter uma saúde, como qualquer outro ser humano. As pessoas querem tratar a gente como se fosse bicho. A gente tem as viaturas da saúde, mas elas recebem o combustível não para o mês inteiro, mas quinzenal. E o resto do mês? Nós temos médicos, sim; temos clínico geral nas aldeias, em alguns postos de saúde, nas aldeias, mas e aí, o que é que adianta a gente ter isso, se não tem medicamento?”, diz.
A Líder indígena Kerliane, que atua na região do povoado Cana Brava, informa que a atenção das autoridades é necessária para enfrentar o momento delicado na localidade.
“A comunidade tá sofrendo o problema na pele. Não é fácil nós sermos vítimas da saúde indígena no Maranhão. Eu quero pedir, mais uma vez, um pedido de socorro, para que eles (autoridades) possam atender, de imediato, as demandas dos caciques. Que eles vêm reivindicando, há muito tempo, em diálogos, reuniões, videoconferência, e, em nada, eles tiveram avanço, por parte da saúde, infelizmente.
Lideranças em protesto
Sem avançar em negociações com o governo federal, lideranças indígenas explicaram que a interdição da BR-226 foi uma alternativa encontrada para reivindicar melhorias nos tratamentos de saúde disponíveis nas aldeias. O trecho interditado afetou uma das principais áreas de rota comercial do estado, entre as regiões leste e oeste maranhenses. Cerca de 3 mil carretas ficaram paradas, na rodovia, em dois dias.
Após uma visita de uma comissão parlamentar a uma das aldeias, sob a garantia de intermediar o afastamento da cúpula do Distrito Sanitário Indígena do Maranhão (Dsei), a intervenção na rodovia foi suspensa. O advogado de defesa do Conselho Supremo de Caciques e Lideranças da Terra Indígena Cana Brava, Danilo Cavalcante, afirma que medidas em torno de um consenso para pacificar a situação vêm sendo trabalhadas.
“Eles estão querendo, aqui, que tenha o mínimo acesso à saúde. Os fatos falam mais do que argumento: (unidades de atendimento hospitalar) completamente sucateados, sem acesso aos medicamentos básicos; aos profissionais de saúde. Então, a entidade que nós representamos está empenhada, em buscar (uma solução) por todas as vias: política, administrativa e, até mesmo, judicial”, finalizou.
Do G1MA