A tristeza do Maranhão desnudo
Leia o Maranhão sob um olhar crítico
Olá, eu sou o Maranhão! Sou extenso, amplamente diversificado, com riquezas e belezas naturais sublimes, proprietário de tradições que causam frenesi, sou o celeiro de uma carga histórica de provocar alucinações em apaixonados pela história do Brasil e do seu povo, mas nada disso chama a atenção da ‘burguesia moderna’ que se hospeda por aqui em meus palácios e casarões, que, quase sempre, ao saírem levam um pedaço de mim.
Eu sou do proletariado, da força que movimenta as ruas e dos escassos sorrisos que impulsionam os sonhos e que trazem esperança para o amanhã mais digno. Mesmo assim, infelizmente, estou com os dentes amarelados, com uma feição cansada e sem paciência para continuar no final da fila.
A minha tristeza é imensa! Fadigado, não caminho, não levanto, estou estagnado no lado contrário do crescimento, ainda continuo na ponta mais temida das filas, no rabo. Andam falando muito sobre mim, me dão roupas novas, um sorriso de porcelana, o perfume importado, mas a realidade é que desnudo estou fedido, pálido, fraco e continuo sentado no mesmo lugar que ocupo nos últimos anos.
A pobreza está instaurada nas minhas entranhas, sei que é contraditório, mas é real, basta me conhecer um pouquinho, percorrer o meu emaranhado e verás que não sou o mesmo Maranhão das telas pintadas pela ‘burguesia moderna’ e vendidas ao proletariado a preço da conveniência de alguns.